A partir dessa semana, vou escrever alguns artigos com o objetivo de provocar uma reflexão nos leitores da Newsletter da Digital Innovation Group sobre o modelo de educação do Brasil, principalmente, sobre o ensino superior. Fui motivado a fazê-lo a partir de notícias recebidas nestas duas últimas semanas.
A primeira delas veio da Newsletter da Inside Higher Ed, que assino. No final do mês de setembro, li um artigo que tinha o seguinte título: “O ensino superior como o seu pior inimigo”. A matéria foi escrita por Susan H. Greenberg depois de ter entrevistado Brian Rosenberg, presidente emérito do Macalester College; professor visitante na Escola de Pós-Graduação em Educação de Harvard e consultor sênior da African Leadership University. A entrevista foi baseada no livro, “Whatever It Is, I’m Against It”: Resistance to Change in Higher Education (Seja o que for, sou contra. Resistência à Mudança no Ensino Superior) escrito por Brian. A minha primeira providência foi adquirir o livro (Kindle) e lê-lo. Como não poderia ser diferente, o autor aborda o modelo de educação americano, utilizando um tom muito crítico. Entretanto existem muitas características comuns entre o modelo norte-americano e outros modelos praticados no mundo, inclusive o modelo brasileiro. Dentro dessas características podemos citar: o declínio de matrículas, o aumento dos custos, mensalidades com alto nível de descontos, currículos tradicionais, altas taxas de desistência e baixas taxas de graduação (indica quantos alunos concluem seus cursos em tempo hábil após a matrícula), entre outros. Apesar das críticas, o autor apresenta modelos inovadores de ensino superior, como abordagens de aprendizagem experienciais e centradas no aluno, que podem ser adotadas para que haja uma verdadeira transformação institucional.
A segunda notícia recebi do meu grande amigo e mentor Pete Pizarro também no final do mês de setembro. Ele me enviou, por e-mail, um artigo escrito por Liam Knox sobre uma nova metodologia nos rankings das universidades e faculdades dos Estados Unidos, feita pelo US News & World Report. Essa nova lista deu uma ênfase maior ao critério “mobilidade social” (como as instituições melhoram a situação econômica dos seus graduados e respectivamente de suas famílias) e desempenho estudantil (student outcomes). Essa mudança na metodologia produziu uma mudança considerável no ranking, fazendo com que algumas instituições tradicionais caíssem algumas posições enquanto outras com menos prestígio acadêmico subissem. O motivo pelo qual Pete me enviou tal artigo é que desde o tempo em que trabalhávamos juntos na Ilumno, sempre dizia que os critérios que norteiam o ensino superior são excelentes, mas que deveriam ser ampliados com novos critérios e realidades, ajustados e melhorados ao longo do tempo. Porém o mundo acadêmico parece ser sempre reativo às mudanças, conforme o título do livro, mencionado anteriormente, afirma.
Desta forma, nas próximas semanas, irei abordar assuntos que tentarão responder algumas inquietudes que tenho, como por exemplo:
- O modelo de avaliação das instituições de ensino está atualizado?
- É normal que as instituições de ensino tenham como diferencial, em peças de publicidade, o preço da mensalidade e não a qualidade do ensino?
- O modelo educacional brasileiro é apropriado às necessidades e à realidade do Brasil?
- O Ensino à Distância (EAD) no Brasil apresenta um crescimento exponencial nos últimos anos, entretanto o ticket médio não aumenta e os gestores das instituições sempre dizem que é “difícil fechar a conta”. Qual o modelo que é adotado, na maioria das instituições, para que essa conta consiga fechar?
- Foram criados exames como o ENEM e o ENADE que atualmente servem para ingresso em instituições de ensino superior e para a avaliação dessas instituições. Entretanto não deveriam servir para realimentar o modelo acadêmico e produzir resultados melhores?
- A nossa educação prepara as pessoas para exercer a cidadania plena?
Conto com vocês para que juntos possamos buscar algumas respostas ou propor algumas soluções para essas inquietudes!

Arlindo é cofundador e analista de negócios da Digital Innovation Consulting Group, uma empresa focada em ajudar outras empresas a habilitar o digital como um importante impulsionador de negócios em vários setores da economia. Ele também é o Presidente do Conselho da Metal Line Parts.
Arlindo é apaixonado por educação e tem interesse em educar pessoas para melhorar suas vidas e impactar as empresas em que trabalham. Nos últimos anos, desenvolveu fortes habilidades analíticas para propor soluções de negócios para empresas alinhadas com seus próprios objetivos de negócios, com foco em inovação digital.
Entre 2020 e 2022, Arlindo trabalhou como analista de negócios em uma pequena empresa automotiva, especializada em motores de automóveis. Ele propôs algumas soluções para melhorar a eficiência da empresa. Nesses três anos, com todas as soluções implantadas com sucesso, o faturamento aumentou 250% e a empresa construiu um centro de distribuição para dar suporte a todos os canais de venda. Em meados de 2022, Arlindo foi convidado para ser o Presidente do Conselho da Metal Line.
Entre 2015 e 2020, Arlindo ocupou vários cargos na Ilumno, gerenciando as duas universidades próprias no Rio de Janeiro e em Salvador, e apoiando a operação nos parceiros estratégicos no Brasil, o modelo de negócios da Ilumno na América Latina. Foi promovido a Chief Academic and Student Experience Officer, responsável por integrar as operações acadêmicas de todas as instituições da Ilumno (17 na LATAM), melhorar a qualidade do modelo acadêmico presencial e de EAD, além de criar a Área de Experiência do Aluno, usando uma plataforma digital como modelo.
Entre 2005 e 2018, Arlindo foi Pró-Reitor Acadêmico e depois Reitor/Presidente da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Liderou a implementação de uma nova cultura na universidade: modelo familiar vs modelo com gestão profissional e modelo sem fins lucrativos vs modelo com fins lucrativos. Nesse período, houve um aumento significativo na margem EBITDA da instituição – de 4% para 35%, a população estudantil da instituição dobrou e o recredenciamento universitário obteve nota 5 (faixa 1 a 5).
Antes da UVA, Arlindo foi Vice-Reitor de Graduação da UNESA, Analista de Computação Gráfica Sênior do TeCGraf/PUC-Rio e Engenheiro de Projetos na Promon.
Em 2016 Arlindo foi homenageado com o Diploma de Mérito em Engenharia e Agronomia, um dos maiores reconhecimentos de ações de educação em prol da engenharia no estado do Rio de Janeiro, do CREA-RJ.