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Modelo Acadêmico Inovador – Atomização Curricular (1)

O desenvolvimento de um currículo totalmente baseado em competências e habilidades é, sem dúvida, um primeiro e um grande passo para a criação de um modelo acadêmico inovador. Entretanto me parece antagônico que um currículo baseado em competências seja composto por disciplinas com uma carga horária pré-definida pelas instituições. Esse antagonismo reside no fato de que algumas competências e habilidades podem ser adquiridas em um tempo menor e outras em um tempo maior, e as disciplinas, geralmente, possuem cargas horárias padronizadas pelas instituições. Seguindo essa linha de raciocínio, a menor unidade dessa nova matriz curricular não seriam essas disciplinas, mas sim as unidades curriculares para o desenvolvimento dessas competências e habilidades. Desta forma, uma matriz curricular será composta por essas unidades curriculares, as quais eu denomino de “atomização curricular”.

Primeiramente, para a construção desse currículo diferenciado, podemos lançar mão da Teoria do Fluxo desenvolvida por Mihaly Csikszentmihalyi (1975). Essa teoria sugere que qualquer pessoa pode experimentar um aprendizado ideal quando executa tarefas caracterizadas por um equilíbrio entre habilidades e desafios, pelo interesse pessoal, pelo controle e pelo foco. Em uma palestra (TED) realizada em 2004, Csikszentmihalyi apresenta resumidamente esse conceito (https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_flow_the_secret_to_happiness).

Utilizando a Teoria do Fluxo, a qualidade do aprendizado é função da relação entre desafios e competências, conforme apresentado nas figuras a seguir. Constata-se que a fluidez para esse “aprendizado ideal” é possível a partir de um equilíbrio entre habilidades e desafios, e a experiência memorável desse aprendizado se dá quando essas variáveis são altas. De acordo com Csikszentmihalyi, Fluxo é “um estado no qual as pessoas estão tão envolvidas em uma atividade que nada mais parece importar; a experiência é tão agradável que as pessoas continuarão a fazê-la, mesmo a um alto custo, pelo simples fato de fazê-la” (1990).

Modelo da Teoria do Fluxo Refinado (Csikszentmihalyi, 1997; Csikszentmihalyi, 2014, p. 201)

Essa teoria está relacionada com qualquer tipo de aprendizado, seja na composição de músicas, na elaboração de poemas ou até mesmo na realização de exercícios físicos feitos por atletas. No artigo: “Modelo Acadêmico Inovador – Como aprender com a teoria de jogos” voltaremos a falar um pouco mais sobre a Teoria do Fluxo.

Já temos como base fundamental do nosso modelo acadêmico a busca do equilíbrio entre os desafios e as habilidades a serem adquiridas. Temos que acrescentar a esse modelo a Taxonomia de Bloom Revisada que nos auxiliará no desenvolvimento do currículo propriamente dito, nas avaliações e nas estratégias instrucionais. Podemos atualizar essa taxonomia revisada e acrescentar a parcela tecnológica, transformando-a na Taxonomia de Bloom Digital (https://www.celt.iastate.edu/instructional-strategies/effective-teaching-practices/revised-blooms-taxonomy/), nesse caso, a parte digital não foca na utilização de ferramentas e aplicativos, mas sim em como essas podem transformar o pensamento dos alunos em diferentes níveis. Utilizando a Taxonomia de Bloom revisada podemos ver os objetivos do aprendizado, como apresentado na figura abaixo que foi feita pelo Centro de Excelência em Aprendizagem e Ensino da Iowa State University.

Imagem feita pelo Centro de Excelência em Aprendizagem e Ensino da Iowa State University.

No próximo artigo veremos como podemos juntar a Teoria do Fluxo e a Taxonomia de Bloom Revisada (Digital), na construção de um currículo baseado em competências e habilidades.