Para a gestão exitosa de uma empresa ligada ao varejo, o gerenciamento de estoque bem-feito é condição sine qua non. Esse gerenciamento garante que a empresa tenha itens no estoque suficientes para atender à demanda dos clientes, sem, no entanto, ter itens em excesso que afetem negativamente o fluxo de caixa da empresa. Incorporar o gerenciamento de estoque de varejo na empresa produz benefícios imediatos, tais como: maior lucratividade, que será cada vez maior, à medida que o nível de estoque se trone ideal, suficiente para atender aos pedidos dos clientes; mais espaço de armazenamento, pois o estoque morto e/ou com baixa rotatividade será reduzido; alta previsibilidade de compras para reposição do estoque; entre outros.
A melhor forma de gerenciar o inventário de uma empresa é utilizando um programa específico de gerenciamento. Atualmente, uma parcela significativa desses programas utiliza Inteligência Artificial para uma sugestão de compra mais assertiva, aumentando a eficiência e a produtividade da empresa. Entretanto essa não é a realidade da maioria das pequenas e médias empresas que avançam lentamente no seu processo de transformação digital, conforme descrito no texto: “Transformação Digital – Discussão Inicial”, além do alto custo de implantação de um sistema de gerenciamento de estoque.
A proposta desse artigo é apresentar algumas estratégias e conceitos relacionados ao gerenciamento de estoque para posteriormente, em um próximo artigo, analisar formas de implementar uma parte dessas estratégias nas empresas de pequeno e médio porte, sem um alto nível de investimento.
Rotatividade de estoque [1] é o número de vezes que uma empresa vende e substitui seu estoque de mercadorias durante um período. Esse indicador fornece informações sobre como a empresa gerencia os custos e a eficácia de seus esforços de vendas, sugerindo que:
- Quanto maior a rotatividade de estoque, mais vendas e a garantia de que a demanda pelos produtos da empresa existe. Em contrapartida, uma baixa rotatividade de estoque, indicaria vendas mais fracas e queda na demanda por produtos.
- Os departamentos de vendas e de compras de uma empresa estão alinhados, uma vez que, idealmente, o inventário deve corresponder às vendas.
- Uma rotatividade muito alta pode resultar em perda de vendas, pois não há estoque suficiente para atender à demanda. É sempre importante comparar a taxa de rotatividade de estoque com a referência do setor para avaliar se uma empresa está gerenciando seu estoque com sucesso.
Ruptura do estoque significa a indisponibilidade do produto no ponto de vendas. A única empresa que ganha com a ruptura é a concorrente. A utilização desse indicador não é direta. Um item “zerado”, ou seja, que não existe no estoque, não pode ser considerado como uma ruptura. Deve-se analisar se existia demanda para o item e/ou se este produto não tinha similaridade. O cruzamento desse indicador com curvas de demanda pode indicar dois efeitos distintos para uma empresa: (1) efeito altamente prejudicial para produtos com uma curva de alta demanda; e (2) efeito não relevante para produtos com curvas de baixa demanda.
Ponto do Pedido e Estoque de Segurança. [2] Ponto do pedido é o ponto de reabastecimento dos itens do estoque. O objetivo é garantir que se tenha a quantidade certa de estoque disponível, definindo o momento certo de realizar o pedido, levando-se em consideração: o consumo do item, o prazo de entrega e o tempo necessário para torná-lo disponível para venda. Desta forma, a empresa não corre o risco de falta de produtos essenciais para o seu funcionamento. Como esse indicador leva em consideração o consumo do item, esse indicador não é um número estático, varia de acordo com o consumo ao longo do tempo. O estoque de segurança é semelhante ao Ponto do Pedido, mas é uma quantidade excedente para garantir que a empresa não fique completamente sem estoque, caso haja um imprevisto. O setor utiliza estoque de segurança para itens importantes para a empresa, em termos de faturamento, e que tenham uma previsibilidade de compra pouco precisa, devido à alta variabilidade das vendas ao longo de um determinado período.
Idade do Estoque é determinada pela diferença entre a data atual e a data do recebimento do estoque, e é calculada com base no princípio Primeiro a entrar, Primeiro a sair (PEPS ou, em inglês, FIFO – First In First Out). Esse indicador pode ser utilizado para tomada de decisão sobre os níveis futuros de estoque de itens de movimentação lenta e rápida. Semelhante aos relatórios de contas a receber ou de contas a pagar, esse relatório informa o tempo de armazenagem (número de dias) em que um item está no estoque com base na data de recebimento.
Análise ABC é um método de análise que divide os produtos do estoque em três categorias:
- Categoria A: representa os produtos que mais contribuem para o lucro geral da empresa;
- Categoria B: representa seus produtos intermediários e tem uma pequena participação no lucro geral, mas não são tão relevantes que mereçam receber o mesmo nível de atenção que os itens da Categoria A; e
- Categoria C: Essa é a categoria que englobará o maior número de itens do estoque, ajuda a compor o lucro geral, mas, individualmente não representa muito valor para a empresa.
O uso da análise ABC no controle de estoque é essencial para determinar o valor real de cada item do inventário da empresa e, em seguida, colocá-lo na categoria A, B ou C com base em sua importância. A seguir, exemplo de alguns valores de referência comuns, adotados pelo mercado, para essas categorias:
- Categoria A: representa 80% do lucro geral da empresa, e geralmente corresponde a 20% dos produtos comercializados;
- Categoria B: representa 15% do lucro geral da empresa; e geralmente corresponde a 30% dos produtos comercializados; e
- Categoria C: representa 5% do lucro geral da empresa; e geralmente corresponde a 50% dos produtos comercializados.
Análise XYZ categoriza os produtos por intermédio do coeficiente de variação (CV) que é uma medida estatística da dispersão dos pontos de dados em uma série de dados em torno da média. Esses pontos representam a quantidade de itens vendidos por dia ao longo de um mês, por exemplo. Esse coeficiente representa a razão entre o desvio padrão e a média e é utilizado para expressar a variabilidade dos dados estatísticos, excluindo a influência da ordem de grandeza da variável. Desta forma, a categorização é definida como:
- Categoria X: representa uma demanda regular e a previsibilidade de estimar uma demanda futura é muito precisa. O cálculo do CV para essa categoria é menor do que 0,5;
- Categoria Y: representa uma demanda com alta variabilidade e a previsibilidade de uma demanda futura não é muito precisa. O valor do CV para essa categoria fica entre 0,5 e 1,0; e
- Categoria Z: representa uma demanda extremamente irregular e é muito difícil de estimar a demanda (não há como fazer uma boa estimativa de compras). Itens nessa categoria têm um CV calculado superior a 1,0.
[1] – https://www.investopedia.com/terms/i/inventoryturnover.asp
[2] – https://www.inflowinventory.com/blog/reorder-point-formula-safety-stock/

Arlindo é cofundador e analista de negócios da Digital Innovation Consulting Group, uma empresa focada em ajudar outras empresas a habilitar o digital como um importante impulsionador de negócios em vários setores da economia. Ele também é o Presidente do Conselho da Metal Line Parts.
Arlindo é apaixonado por educação e tem interesse em educar pessoas para melhorar suas vidas e impactar as empresas em que trabalham. Nos últimos anos, desenvolveu fortes habilidades analíticas para propor soluções de negócios para empresas alinhadas com seus próprios objetivos de negócios, com foco em inovação digital.
Entre 2020 e 2022, Arlindo trabalhou como analista de negócios em uma pequena empresa automotiva, especializada em motores de automóveis. Ele propôs algumas soluções para melhorar a eficiência da empresa. Nesses três anos, com todas as soluções implantadas com sucesso, o faturamento aumentou 250% e a empresa construiu um centro de distribuição para dar suporte a todos os canais de venda. Em meados de 2022, Arlindo foi convidado para ser o Presidente do Conselho da Metal Line.
Entre 2015 e 2020, Arlindo ocupou vários cargos na Ilumno, gerenciando as duas universidades próprias no Rio de Janeiro e em Salvador, e apoiando a operação nos parceiros estratégicos no Brasil, o modelo de negócios da Ilumno na América Latina. Foi promovido a Chief Academic and Student Experience Officer, responsável por integrar as operações acadêmicas de todas as instituições da Ilumno (17 na LATAM), melhorar a qualidade do modelo acadêmico presencial e de EAD, além de criar a Área de Experiência do Aluno, usando uma plataforma digital como modelo.
Entre 2005 e 2018, Arlindo foi Pró-Reitor Acadêmico e depois Reitor/Presidente da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Liderou a implementação de uma nova cultura na universidade: modelo familiar vs modelo com gestão profissional e modelo sem fins lucrativos vs modelo com fins lucrativos. Nesse período, houve um aumento significativo na margem EBITDA da instituição – de 4% para 35%, a população estudantil da instituição dobrou e o recredenciamento universitário obteve nota 5 (faixa 1 a 5).
Antes da UVA, Arlindo foi Vice-Reitor de Graduação da UNESA, Analista de Computação Gráfica Sênior do TeCGraf/PUC-Rio e Engenheiro de Projetos na Promon.
Em 2016 Arlindo foi homenageado com o Diploma de Mérito em Engenharia e Agronomia, um dos maiores reconhecimentos de ações de educação em prol da engenharia no estado do Rio de Janeiro, do CREA-RJ.