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Gerando rotas otimizadas para empresas de coleta e compostagem de resíduos orgânicos

Há algumas semanas mencionei em outro artigo que cerca de metade do lixo produzido nas residências é composto por resíduos orgânicos – restos de alimentos, como cascas de frutas e legumes, sementes, e partes que apodreceram ou murcharam antes do consumo. Este lixo acaba indo para os aterros sanitários, aumentando os custos de gestão desses aterros e diminuindo sua vida útil.

A compostagem dos resíduos orgânicos é uma solução para esse problema, permitindo a geração de adubo, produto com grande valor, que pode ser usado na fertilização. Nesse sentido, já existem diversas iniciativas de empresas que realizam a coleta desses resíduos em empresas e residências, fazendo a posterior compostagem e gerando adubo rico em nutrientes. Essas empresas, em sua maioria, são de pequeno e médio porte e carecem de sistemas (e de recursos para aquisição) que, a partir do apoio da computação, possam gerar rotas inteligentes para a realização da coleta. Essas rotas inteligentes visam reduzir as distâncias percorridas, atendendo aos horários de coleta demandados pelos geradores dos resíduos e minimizando os custos envolvidos.

Entre as iniciativas desenvolvidas em projeto de aplicação da Inteligência Artificial (IA) para gestão de resíduos orgânicos, coordenado por mim, a geração de rotas inteligentes e otimizadas encontra-se em andamento, tendo como parceiros o professor Gustavo Libotte e a pesquisadora Caroline Parajara Libotte, além da empresa Organokits, que realiza a coleta e a compostagem na cidade de Nova Friburgo, localizada no Estado do Rio de Janeiro. Ressalta-se que já existem sistemas semelhantes disponíveis, contudo, estes possuem custo relativamente alto. O objetivo desse projeto, que possui uma pegada ambiental/social e é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj, é poder disponibilizar gratuitamente esse serviço para as empresas de coleta e compostagem, propiciando maior eficiência em sua operação.

Uma inovação da solução que estamos desenvolvendo em relação aos sistemas tradicionais, que buscam apenas a minimização dos custos, consiste na consideração de um objetivo adicional a ser minimizado, a emissão de poluentes. Nesse sentido, estamos considerando, além de veículos como caminhonetes ou caminhões, a utilização de triciclos movidos à tração humana, não emissores de poluentes. Esse cenário provoca a inclusão de novas restrições que devem ser consideradas pelo sistema. Por exemplo, a cidade de Nova Friburgo se encontra nas montanhas; alguns bairros, com maior altitude, não podem ser atendidos pelos triciclos. Assim, o modelo computacional que definirá as rotas ótimas, deve levar em conta essas limitações.

Atualmente já desenvolvemos um modelo computacional que gerou as rotas otimizadas iniciais, apresentadas para a empresa Organokits. Recebemos o feedback para o aprimoramento do modelo, e a nova versão deve ficar pronta no final do mês de julho. Estamos desenvolvendo, em paralelo, um aplicativo para facilitar a vida das empresas coletoras. A ideia é que as rotas sejam integradas ao Google Maps, permitindo que a empresa coletora acompanhe a rota inteligente traçada em seu celular, por intermédio do Google Maps. Esperamos que ainda esse ano seja disponibilizada uma versão inicial para as empresas, o que poderá ajudá-las a aprimorar o seu processo de coleta, reduzindo as distâncias de seus percursos, seus custos, assim como os poluentes emitidos.

 Nos encontramos em meu próximo artigo. Até breve!