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ChatGPT – Oportunidade, Ameaça ou Desafio?

O mundo digital está cada vez mais próximo de nós e, desde o início desse ano de 2023, uma das palavras que mais tenho escutado é ChatGPT. Em primeiro lugar, devemos dizer que ChatGPT é uma metonímia de “ferramenta de Inteligência Artificial generativa, ou seja, capazes de gerar conteúdo”, sendo que há algumas dessas ferramentas, como o ChatGPT (desenvolvido pela OpenAI) e o Bard (desenvolvido pelo Google).

Tenho sido convidado a participar de alguns debates e seminários que tem como tema central a utilização dessas ferramentas. São abordadas e discutidas matérias que são veiculadas na imprensa como, por exemplo: os riscos do uso da inteligência artificial na saúde, segundo a OMS (https://www.cnnbrasil.com.br/saude/tres-riscos-do-uso-da-inteligencia-artificial-na-saude-de-acordo-com-a-oms/), cientistas temem o futuro catastrófico causado pela inteligência artificial (https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn07ljg5yrzo); o risco de extinção da humanidade pela IA (https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2023/05/30/criador-do-chatgpt-e-outros-lideres-de-tecnologia-alertam-para-risco-de-extincao-da-humanidade-pela-ia.ghtml); entre outras. Além dessas matérias, existem muitas perguntas que são feitas como: “Essa ferramenta é uma ameaça ao aprendizado e à criatividade?”, ou “Essa tecnologia vai acabar com os empregos do mundo?”, e assim por diante.

Embora existam muitos avanços e ganhos com a utilização dessas ferramentas, uma boa parte dos ciclos de debate se concentram mais no aspecto negativo do que no aspecto positivo. Entendo perfeitamente que o ser humano sempre reage receosamente quando submetido a situações novas. Essas reações geralmente estão relacionadas às incertezas e à falta de conhecimento, porém nunca se pode agir na defensiva, muito pelo contrário, deve-se estar aberto para entender como é o funcionamento dessas novas tecnologias e como pode-se tirar proveito para que, no final, possa se fazer uma avaliação coerente.

Por tudo que já foi exposto, o ChatGPT é uma oportunidade, uma ameaça ou um desafio? Vou emitir o meu ponto de vista, abordando somente duas áreas, uma relacionada aos empregos e a outra relacionada à educação.

No processo da evolução humana existiram marcos extremamente significativos que revolucionaram totalmente a civilização e sempre trouxeram à tona grandes incertezas e perguntas relacionadas ao término dos empregos e à substituição do trabalho humano. Esses marcos foram: a Revolução Agrícola Britânica ocorrida entre os séculos XVII e XIX com um aumento expressivo dos produtos agrícolas; a Revolução Industrial que também começou na Grã-Bretanha no final do século XVIII, mudando o cenário econômico – de uma economia agrária e artesanal para uma dominada pela indústria; a Revolução Tecnológica, ocorrida no final do século XIX até o início do século XX, foi marcada por inúmeras descobertas científicas, padronização e pela produção em massa. Já faz algum tempo que estamos vivendo mais uma revolução – a Revolução Digital. Mais uma vez, existe a “ameaça” iminente da perda do emprego e da substituição do homem pelos computadores e pela Inteligência Artificial, aflorando as velhas certezas que já foram descartadas ao longo da história. Não há nenhuma dúvida que, com o aperfeiçoamento do digital e de ferramentas como o ChatGPT e o Bard, muitos empregos e funções deixarão de existir. Entretanto muitas novas funções e empregos também serão criados. O que é necessário é entender quais serão as habilidades e competências novas que devem ser adquiridas pelas pessoas para que possam ingressar em um mercado de trabalho que ainda nem existe. Porém uma coisa é certa, quem relutar em se adaptar a essas novas ferramentas terá cada vez mais dificuldade de se inserir em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

Falando sobre competências e habilidades é fundamental que as instituições de ensino, em todos os níveis, estejam sempre atentas a todas essas mudanças. O foco de atenção dessas instituições está na adaptação/criação do modelo acadêmico adotado. Modelos Acadêmicos baseados em competências e habilidades são facilmente ajustados às mudanças. Na Newsletter da DICG existem vários artigos sobre a criação de modelos acadêmicos inovadores (https://www.linkedin.com/newsletters/newsletter-dicg-7058916108052901888/)

Muitos educadores questionam, com razão, a utilização dessas ferramentas pelos alunos. A tentação de usar um “copiar-colar” para a entrega das tarefas é uma certeza com a qual todos os educadores vão ter que conviver, uma vez que essa tecnologia veio para ficar e não adianta “remar contra a correnteza”. Sendo assim, será que essas ferramentas são uma ameaça ao aprendizado e à criatividade? Na minha opinião, a resposta é muito simples: Não. Instituições de ensino, a área acadêmica, pesquisadores e o corpo docente devem se adaptar a essa nova realidade. Esse assunto já é discutido por muitos educadores em todo mundo e muitos acreditam que as instituições devem ter no cerne do seu modelo acadêmico o processo de aprendizagem ao longo da vida. Um livro que aborda esse tema com maestria é Robot-Proof Higher Education in the age of Artificial Inteligence, escrito por Joseph E. Aoun, em 2017.

Uma coisa é certa, até o ChatGPT sabe que ele é somente uma ferramenta. Veja abaixo, uma parte da resposta obtida do próprio ChatGPT quando perguntado: “Como o ChatGPT pode auxiliar o processo de aprendizagem?

“Lembre-se de que o ChatGPT é uma ferramenta poderosa, mas não substitui o estudo tradicional de um professor ou um especialista em educação. Utilize-o como um complemento ao seu processo de aprendizado e sempre verifique as informações geradas pelo modelo para garantir a sua precisão”.

No próximo artigo vamos apresentar algumas experiências exitosas que professores e instituições estão adotando, utilizando ferramentas de inteligência artificial, com o objetivo de melhora e aperfeiçoamento do aprendizado.