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Reflexões sobre o modelo de educação – Exame Nacional do Ensino Médio

Conforme afirmei no artigo – Reflexões sobre o modelo de educação, vou fazer uma série de artigos com o objetivo de provocar uma reflexão nos leitores da Newsletter da Digital Innovation Group. Nesse terceiro artigo, aproveitei que nos dias 5 e 12 de novembro de 2023, quase 4 milhões de alunos matriculados no ensino médio no Brasil, e que estão inscritos para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), para que pudesse fazer uma análise dos resultados práticos desse exame.

De acordo com o site do governo federal (https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enem), o ENEM foi criado em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Em 2009, passou a ser utilizado como mecanismo de acesso à educação superior. As provas abrangem quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, num total de 180 questões objetivas. Existe também uma redação, que exige o desenvolvimento de um texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema.

Como o apresentado no Relatório de Educação elaborado pelo BTG Pactual Equity Research (Setor Educacional) publicado em 1/2/2023, os padrões de qualidade do ensino médio estão abaixo da média mundial e o desempenho no ENEM tem a média ponderada estável nos últimos anos, conforme mostra o gráfico que também é apresentado nesse relatório (vide figura abaixo).

 

 

Existem inúmeros estudos que apresentam fatores que influenciam os resultados do ENEM, dentre os quais podemos citar dois: perfil econômico dos estudantes e perfil instrucional da mãe dos alunos, quando se faz uma análise criteriosa dos microdados do ENEM dos últimos 5 anos. Porém existem informações preciosas nesses microdados que as escolas do ensino médio, principalmente as privadas, poderiam utilizar com o objetivo de entender o que realmente está acontecendo. Infelizmente o pior cenário está na rede pública de ensino: pouquíssimas escolas conseguiram um bom desempenho, em todo o país, nos últimos anos. Como o próprio relatório do BTG aponta, o gasto público em educação não é baixo, ficando em ~6% do PIB, ou 14% do gasto público total, sendo maior, proporcionalmente, aos gastos de países como os Estados Unidos, Alemanha e Japão. A reflexão que se deve fazer aqui é, esse valor está sendo bem gasto? Creio que os governantes, responsáveis pelas políticas públicas do país, deveriam refletir sobre uma frase, que é atribuída a Albert Einstein que diz: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

O caminho da rede privada talvez seja um pouco menos complexo, porém será trabalhoso e exigirá uma análise de dados (data analytics) profunda. Desta forma, analisando os microdados e a realidade da instituição, a escola poderá:

  • Traçar o diagnóstico da situação atual, a partir da coleta de informações dos estudantes, professores e coordenadores, cruzando algumas informações com a base dos microdados do ENEM;
  • Fazer o diagnóstico da situação atual por cada disciplina/área de conhecimento, elaborando alguns cenários possíveis que deverão ser validados pelo corpo diretivo, coordenadores e corpo docente; e
  • Traçar uma série de planos de ação, de curto, médio e longo prazos, para que se consiga alcançar uma melhora do resultado na aprendizagem, e consequentemente no ENEM.

São reflexões necessárias que os gestores de educação, da rede pública e da rede privada, deveriam ter para a melhoria da educação no país.