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O uso de sistemas de informação para estimular a melhor gestão de resíduos

Tenho apresentado alguns artigos que abordam a questão da gestão de resíduos, especialmente os orgânicos. Meu foco até o momento se concentrou em ferramentas computacionais para a gestão do processo de compostagem e para a otimização das rotas ligadas à coleta dos resíduos. Esse artigo tem como objetivo apresentar algumas possibilidades de uso da tecnologia da informação para estimular uma melhor gestão de resíduos de cada cidadão.

Um exemplo interessante, que faz parte das ações ligadas a projeto de pesquisa que coordeno atualmente, se refere ao uso da gamificação para incentivar a gestão de resíduos. Nesse sentido, a atribuição de pontos e recompensas pode estimular pessoas a realizar uma melhor gestão dos resíduos por elas produzidos. Falando mais especificamente do projeto citado, a ideia foi construir um app que possibilitasse a atribuição de pontos de acordo com o volume de resíduos orgânicos separados, adequadamente, para posterior compostagem. Mais do que isso, o aplicativo possui também recursos, como diferentes cenários de quiz, onde o usuário pode obter pontos ao responder corretamente as perguntas, o que adicionalmente pode auxiliar no processo de educação ambiental.

Os pontos obtidos podem ser trocados por recompensas com parceiros do projeto; por exemplo, descontos na compra de produtos, no uso de serviços, na participação em atividades culturais etc. Além disso, o conceito de gamificação envolve também a “boa competição”, onde todos competem para se tornarem os mais engajados, mais comprometidos com a causa ambiental. Assim, é disponibilizado um ranking indicando “Os vencedores do mês”, ranking esse que pode ser compartilhado pelos participantes em suas redes sociais (Figura 1). Esse reconhecimento pode ser um grande diferencial para estimular o maior engajamento das pessoas.

Figura 1 – App com tela indicando o ranking com a posição dos participantes mais engajados na separação de resíduos

Citei aqui uma aplicação efetiva, mas há diversas outras oportunidades em aberto. Especialmente se o poder público participar como ator da solução. Imagine, por exemplo, a criação de centros de reciclagem pelos municípios, onde cada cidadão receberia embalagens contendo etiquetas de identificação por radiofrequência (etiquetas RFID – Radio Frequency Identification). Essas embalagens seriam utilizadas para separação dos resíduos de acordo com seu tipo (plásticos, alumínio, orgânicos, …). As etiquetas, por sua vez, já teriam registrados os dados de cada cidadão. Ao receber os resíduos nas embalagens com as etiquetas RFID, os centros de reciclagem os pesariam e, através da leitura das etiquetas, poderiam identificar os cidadãos que fizeram a sua separação. Tudo em um processo automático, com eficiência e controle efetivo dos volumes de resíduos separados por cada cidadão para reciclagem.  Desse modo, descontos nas taxas de IPTU (ou nas taxas de limpeza urbana, dependendo da prefeitura) poderiam ser concedidos, considerando que quanto maior o volume separado para reciclagem, maior o desconto dado ao cidadão. Evidentemente, a criação de uma solução como esta demandaria a criação, pelas prefeituras, de um sistema integrado de informação. Cabe ressaltar que apresentei um exemplo da tecnologia RFID para efetuar essa rastreabilidade, mas isso poderia ser realizado a partir de outras tecnologias, como blockchain.

Enfim, existe um mundo de oportunidades de uso da tecnologia de informação para incentivar o engajamento das pessoas na melhor gestão dos resíduos produzidos. Apresentei aqui apenas uma ilustração do potencial existente.

Nos encontramos em meu próximo artigo. Até breve!