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Gestão do estoque – Implementação gradativa

A implantação de um sistema de gerenciamento de estoque é crucial para o sucesso das empresas de varejo de todos os tamanhos. O resultado dessa implantação impacta todos os setores de uma empresa no varejo positivamente: da experiência do consumidor ao espaço de armazenamento, passando pelo fluxo de caixa disponível. A grande maioria dos proprietários de empresas de pequeno e médio porte utilizam técnicas arcaicas ou o “sentimento” para reposição do estoque, negligenciando completamente os principais conceitos que envolvem o gerenciamento do estoque. Não é necessário adquirir ferramentas de gerenciamento de estoque, como da Amazon, que utilizam world-class machine learning algorithms (algoritmos de aprendizagem de máquina de classe mundial) para os pedidos de reabastecimento, pois o investimento seria inimaginável para todas essas empresas de pequeno e médio porte e até mesmo para algumas de grande porte. Entretanto estruturar um processo de reabastecimento automatizado ou semiautomatizado é fundamental para o sucesso dessas empresas, sendo o início do processo de transformação digital da empresa – tema desse artigo.

Primeiramente, deve-se entender alguns conceitos relacionados com o gerenciamento do estoque, como abordado no artigo “Gestão do estoque – Prioridade do setor de varejo”, e analisar qual(is) conceito(s) se adequa(m) mais à sua empresa, de forma que o controle do estoque em relação às compras, às vendas e ao armazenamento seja eficaz e eficiente. Devemos lembrar aqui, que a prioridade é o reabastecimento do estoque. O pedido de reabastecimento deve atender às demandas dos clientes, sem que haja excesso de itens estocados.

A forma mais básica de controle é lançar mão de planilhas que devem ser utilizadas para todas as entradas e saídas de itens. Além disso, essas planilhas necessitam ser customizadas e automatizadas para que a definição de sugestão de compras (reabastecimento do estoque) seja precisa.

Dependendo do nível de venda da empresa, toda a transação de compra e venda de itens é registrada em sistemas, como um ERP – Enterprise Resource Planning. Esses ERPs como SAP, Oracle, TOTVS ou qualquer outro são plataformas que as empresas utilizam para gerenciar e integrar as partes essenciais de seus negócios, como finanças e contabilidade, gestão da cadeia de suprimentos, gestão de recursos humanos, entre outros. Embora muitos ERPs venham com módulos de reabastecimento de estoque, geralmente o valor obtido tem pouca precisão ou quando existe uma maior precisão o ERP é de altíssimo investimento (contratação de módulos a parte). O que se pode fazer nesses casos é uma integração do ERP com as planilhas customizadas, pois eliminar-se-iam as digitações das compras e das vendas dos itens, minimizando-se os erros de entrada de informações. Essa integração pode ser feita acessando-se diretamente o banco de dados do ERP ou da forma mais básica, que é a de exportação/importação de arquivos. Essa seria uma implementação intermediária do processo de reabastecimento.

Antes de tomar a decisão de adquirir algum sistema de gerenciamento de estoque com integração total entre as bases de dados, poder-se-ia implantar um processo mais avançado para ter uma sugestão de compras ainda melhor. Criar uma base de dados, a partir das planilhas, e processá-las utilizando alguma linguagem de programação gratuita, como R. O resultado obtido, com toda a certeza seria uma sugestão de compras com uma alta precisão de acerto, uma vez que linguagens desse tipo utilizam métodos estatísticos, Inteligência Artificial e Aprendizagem de Máquina. Escolhemos a linguagem R, pois atualmente, é uma das linguagens considerada como estado da arte em termos de linguagem de programação voltada para ciência de dados.

Utilizando-se a solução intermediária explicada anteriormente, em uma empresa de pequeno porte no setor automotivo, obteve-se uma redução significativa no custo de aquisição de peças. Fazendo-se uma correlação direta da receita líquida com o Custo de Mercadoria Vendida (CMV), o ganho foi de 8 pontos percentuais, ou seja, para cada milhão de reais vendidos houve um aumento na margem de contribuição em oitenta mil reais. A imagem a seguir mostra o modelo adotado nessa implementação, que utilizou como base os seguintes conceitos: Análise ABC, Análise XYZ e Ponto do Pedido.

No próximo artigo aprofundaremos um pouco mais esse modelo e discutiremos um modelo utilizando a linguagem R.