Existem muitos críticos que questionam o ritmo da evolução do ensino. Essa é uma área muito complexa que envolve diversos atores e que está constantemente pressionada por questões que vão da melhoria da qualidade acadêmica até a queda do número de estudantes matriculados, passando pelo controle de custos. Não são questionamentos feitos somente no Brasil, mas, em todo o mundo. A comunidade acadêmica e todos os setores ligados à educação discutem e propõem centenas de modelos que têm por objetivo a melhoria e o aperfeiçoamento do binômio ensino-aprendizagem. Porém, quando analisamos o que está sendo feito e o que já foi implantando, na maioria das instituições de ensino, chegamos à conclusão de que são ações pontuais implantadas em algumas áreas críticas, mas que não se tornam um modelo integrado de ações institucionais, pelo contrário, constroem-se silos que possuem a tendência de trabalhar de forma desconectada resultando na criação de barreiras e na dificuldade de colaboração entre setores e de trabalho em equipe.
Sendo assim, a criação de um modelo acadêmico inovador, não é somente uma necessidade, é condição primordial para que as instituições de ensino prosperem de forma sustentável, em todas as áreas. Essa criação só será exitosa, se for realizada uma análise detalhada dos dados institucionais. Essa análise, que deverá processar uma massa de dados muito grande, só será possível, se a instituição já tiver começado o seu processo de transformação digital, conforme descrito no texto: “Transformação Digital – Discussão Inicial”. Utilizar um sistema acadêmico é o primeiro passo desse processo. A proposta dessa primeira e das outras postagens que se seguirão é abordar cenários possíveis para a implantação de um modelo acadêmico inovador de forma gradativa e sustentável. A grande maioria dos assuntos debatidos serão referentes à educação como um todo (ensino fundamental, médio e superior), com algumas adaptações dependendo do nível.
Concordo integralmente com o artigo Driving Academic Innovation do Prof. Steven Mintz da Universidade do Texas em Austin (https://www.insidehighered.com/blogs/higher-ed-gamma/driving-academic-innovation-0), quando ele menciona que para ser bem-sucedida e sustentável, uma inovação deve: estar alinhada com a missão da instituição; ser fundamental para a sobrevivência da instituição; e apresentar um estudo completo sobre o retorno sobre o investimento (ROI), uma vez que a implantação de um novo modelo sempre requer um alto investimento. Acrescentaria somente alguns pontos, pois pela minha experiência, a implantação de um modelo inovador só terá sucesso quando:
- Todos os atores, principalmente da área acadêmica, estiverem 100% envolvidos com o modelo;
- O Reitor da instituição for o patrocinador do projeto, apoiado por todo os diretores das áreas acadêmica e das áreas administrativas;
- A implantação do projeto for gradual e desenvolvida em etapas, com ações de curto, médio e longo prazo. Ao final de cada etapa (e/ou ação) devem-se apresentar, de forma inequívoca, todos os ganhos esperados e os ganhos obtidos ao término de cada uma dessas etapas;
- O projeto estiver alinhado à cultura institucional;
- O principal facilitador do projeto for um profissional ou uma equipe ligada à área de gestão de mudanças; e
- A instituição tiver iniciado o seu projeto de transformação digital já alinhado ao modelo acadêmico a ser implantado.
Podemos listar alguns temas fundamentais que devem ser analisados pelo time de implantação do modelo, a saber:
- Modelo de aprendizagem baseada em competências, com reflexo na matriz curricular que deve ser baseada nas competências a serem adquiridas e não nas disciplinas;
- Currículos com foco no aluno: maior engajamento do corpo estudantil, aumentando a motivação para o estudo e consequentemente diminuindo as taxas de evasão;
- Infraestrutura adequada visando fornecer uma variedade de serviços para ajudar alunos e, muitas das vezes, egressos, nas carreiras escolhidas;
- Formação cidadã, com enfoque no desenvolvimento de competências necessárias para o século XXI, baseada em publicações como: Education and the Global Goal e Education 2030 (UNESCO), The Future of Education and Skills 2030 (OCDE), New Visions for Education: Unlocking the Potential of Technology (World Economic Forum), entre outras.
- Tecnologias a serem utilizadas para dinamizar o aprendizado. É difícil manter-se atualizado nessa área, mas o modelo mental inicial deve ser “fora-da-caixa”. Estar presente em simpósios e congressos ajudam a avaliar lançamentos e projetos que estão implantados em algumas instituições. Como, por exemplo, podemos pensar em como incorporar a mídia social como tecnologia de aprendizagem (projeto desenvolvido em algumas instituições de ensino no mundo), a inclusão do metaverso na educação, a incorporação do Chat GPT como ferramenta educacional, entre outros.
Nos próximos artigos vamos discutir esses e outros pontos que poderão compor cenários para a implantação de um modelo acadêmico inovador e exitoso.

Arlindo é cofundador e analista de negócios da Digital Innovation Consulting Group, uma empresa focada em ajudar outras empresas a habilitar o digital como um importante impulsionador de negócios em vários setores da economia. Ele também é o Presidente do Conselho da Metal Line Parts.
Arlindo é apaixonado por educação e tem interesse em educar pessoas para melhorar suas vidas e impactar as empresas em que trabalham. Nos últimos anos, desenvolveu fortes habilidades analíticas para propor soluções de negócios para empresas alinhadas com seus próprios objetivos de negócios, com foco em inovação digital.
Entre 2020 e 2022, Arlindo trabalhou como analista de negócios em uma pequena empresa automotiva, especializada em motores de automóveis. Ele propôs algumas soluções para melhorar a eficiência da empresa. Nesses três anos, com todas as soluções implantadas com sucesso, o faturamento aumentou 250% e a empresa construiu um centro de distribuição para dar suporte a todos os canais de venda. Em meados de 2022, Arlindo foi convidado para ser o Presidente do Conselho da Metal Line.
Entre 2015 e 2020, Arlindo ocupou vários cargos na Ilumno, gerenciando as duas universidades próprias no Rio de Janeiro e em Salvador, e apoiando a operação nos parceiros estratégicos no Brasil, o modelo de negócios da Ilumno na América Latina. Foi promovido a Chief Academic and Student Experience Officer, responsável por integrar as operações acadêmicas de todas as instituições da Ilumno (17 na LATAM), melhorar a qualidade do modelo acadêmico presencial e de EAD, além de criar a Área de Experiência do Aluno, usando uma plataforma digital como modelo.
Entre 2005 e 2018, Arlindo foi Pró-Reitor Acadêmico e depois Reitor/Presidente da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Liderou a implementação de uma nova cultura na universidade: modelo familiar vs modelo com gestão profissional e modelo sem fins lucrativos vs modelo com fins lucrativos. Nesse período, houve um aumento significativo na margem EBITDA da instituição – de 4% para 35%, a população estudantil da instituição dobrou e o recredenciamento universitário obteve nota 5 (faixa 1 a 5).
Antes da UVA, Arlindo foi Vice-Reitor de Graduação da UNESA, Analista de Computação Gráfica Sênior do TeCGraf/PUC-Rio e Engenheiro de Projetos na Promon.
Em 2016 Arlindo foi homenageado com o Diploma de Mérito em Engenharia e Agronomia, um dos maiores reconhecimentos de ações de educação em prol da engenharia no estado do Rio de Janeiro, do CREA-RJ.